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Os Tudor-Genealogia De Um Império

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Par   •  16 Avril 2013  •  1 489 Mots (6 Pages)  •  861 Vues

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Os Tudor: Genealogia de um Império

Tentar uma explicação sobre a formação do mito Tudor implica, antes de mais, procurar contextualizar os factos históricos que antecederam a entrada em cena desta dinastia que, de forma tão singular afirmou e consolidou a nação inglesa, com as características políticas, sociais, culturais e religiosas que fizeram desta uma nação à parte na história.

Remontando aos factos que estão na sua génese, aos séculos XI-XIII, e apesar de estar sob o domínio do Guilherme I (influência do francês do latim), deparamo-nos com uma sociedade bastante instruída que continuou a empregar, para difusão literária, e pelo povo, o old english (sinal revelador de uma verdadeira identificação nacional e cultural). A sua estrutura social assenta numa base familiar (kinship) amarrada por princípios de lealdade (allegance) de modelo feudal, dominada, em todos os estratos, pela religião católica e pela escolástica, dependendo basicamente da sua produção lanífera e agrícola (em open-field).

Indo aos séculos XIV-XV, temos uma sociedade em profunda transformação na sua organização social, com as classes feudais a ceder lugar às classes médias e, com a Guerra das Duas Rosas (Casas de Lancaster e de York), principia o declínio das classes aristocráticas, perdendo-se a sua influência. Nos campos, as inovações técnicas na agricultura beneficiam os gentlemen farmers e a gentry “engrandece” no estatuto social. Oriundos das cidades, assistimos igualmente a um crescente enriquecimento e expansionismo além-mar das classes de mercadores e nelas é dada aos servos a possibilidade de se tornarem “freeman” .

Esta nova classe média emergente, instruída e poderosa, na sequência do movimento cultural renascentista italiano, a formar-se em centros de cultura e de estudos recém-criados (Oxford e Cambridge), e o aparecimento de novas profissões (como juristas), favorece uma contestação da ordem estabelecida. Essa surge primeiro num âmbito político, sendo o alvo seguinte a ordem religiosa, ao tomar o partido de John Wycliffe, considerado o precursor das futuras reformas religiosas e que elaborou uma tradução completa da Bíblia do latim para a língua inglesa (poderemos aqui denotar um reforço do nacionalismo inglês). Por último, serão o sistema feudal e a servidão o alvo das suas críticas, por não os considerarem nem cristãos nem geradores de riqueza.

A língua inglesa tornou-se na língua oficial do reino tendo, para isso, contribuído dois grandes factores: primeiramente, a proibição de Eduardo III do uso do francês pelas tropas (a fim de fortalecer o sentimento nacional durante o combate) aquando da Guerra dos Cem anos (1337-1453) e a invenção da imprensa, que permitiu e acelerou a propagação da sua cultura, transformando os seus livros em vectores de desenvolvimento da cultura inglesa (séc. XV).

Tal como no resto da Europa, para conservarem os seus títulos, são frequentes as lutas intestinas entre nobres e reis, ocorrendo as mais rudes em Inglaterra travadas essencialmente pela posse dos territórios do País de Gales, Escócia e Irlanda e pela manutenção ou conquista do trono, levando a uma maior cobrança de impostos e uma nova e complexa organização do Estado, fomentando-se assim o descontentamento geral e provocando reacções dos magnates do rei, pelo que, vindo a autoridade do rei a ser questionada pela nobreza, o parlamento reunirá regularmente culminando no Meciless Parliament. Essas lutas atingirão o seu apogeu, em meados do séc. XV, com a Guerra das Duas Rosas, que envolveu a luta pelo poder entre dois clãs de nobres: os fiéis à Casa de Lancaster, aliados do Rei (rosa vermelha) e à Casa de York (rosa branca), aliados do novo pretendente. Em 1460, a Casa de York reclama o trono, opondo-se à Casa de Lancaster, de que descende Henrique VI. O duque Ricardo de Gloucester toma o poder sob o nome de Ricardo III, mas nenhuma das duas Casas aprecia este novo rei e aliam-se a um desconhecido meio galês, Henrique Tudor, duque de Richmond, o qual em pouco tempo consegue que passe para o seu campo mais de metade da armada de Ricardo III, último rei Stuart, derrotado e morto na Batalha de BosworthField, Leicestershire (1485), que marcou o epílogo da Guerra das Rosas. Assim, abriu caminho para o início da Dinastia de Tudor, coroando-se como Henrique VII e casando com Elizabeth de York, para garantir a estabilidade e a paz entre as duas Casas.

Este acontecimento da história da Inglaterra anunciou o repicar dos sinos da aristocracia inglesa porque tendo, durante os confrontos desaparecido mais das 60 famílias de nobres, o caminho ficou doravante livre para o novo rei empreender as reformas do poder. Findas as guerras dos 30 anos, dos 100 anos e das Rosas, com a vitória definitiva de Henrique Tudor sobre Ricardo III, inicia-se a história de um povo que encontrou a sua identidade na separação definitiva com o continente.

Com a ascensão da dinastia Tudor, que governará durante 118 anos, numa época

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